Há 13.000 anos um meteorito caiu na Antártida, num local chamado Allan Hills. Descoberto em 1984, recebeu seu nome – ALH 84001, e foi identificado, sem dúvidas, como uma rocha proveniente do planeta Marte e uma equipe liderada por David McKay, do NASA Johnson Space Center, anunciou em 1996 a descoberta de fortes evidências de vida antiga no meteorito.
SINAIS DE VIDA MARCIANA ANTIGA
Há 13.000 anos um meteorito caiu na Antártida, num local chamado Allan Hills. Descoberto em 1984, recebeu seu nome – ALH 84001, e foi identificado, sem dúvidas, como uma rocha proveniente do planeta Marte, pela análise de sua composição química e graças a frações de atmosfera aprisionadas em seu interior, que coincidiram com os registros obtidos pela missão Viking. A ciência não tem qualquer dúvida quanto a isso, é um fato. ALH 84001 foi lançado ao espaço após um impacto de uma grande rocha em solo marciano que o projetou ao espaço, com velocidade suficiente para escapar da gravidade de Marte, vagando milhões de anos no espaço até cair na Antartida.
Em 1996, ALH 84001 tornou-se uma celebridade: uma equipe liderada por David McKay, do NASA Johnson Space Center, anunciou a descoberta de fortes evidências de vida antiga marciana no meteorito. O presidente americano Bill Clinton comunicou a descoberta ao mundo. Logo em seguida, outros pesquisadores contestaram e a descoberta caiu na controvérsia própria dos grandes momentos. Ao longo de quase três décadas muitos outros estudos foram realizados e a hipótese original tem se mostrado insistentemente coerente, sendo a melhor explicação para o conjunto de dados científicos. David McKay, Thomas-Keprta e equipe, em artigo publicado em 2009, dizem (tradução livre):
Slides retirados de vídeo do History Channel
Em 1996, ALH 84001 tornou-se uma celebridade: uma equipe liderada por David McKay, do NASA Johnson Space Center, anunciou a descoberta de fortes evidências de vida antiga marciana no meteorito. O presidente americano Bill Clinton comunicou a descoberta ao mundo. Logo em seguida, outros pesquisadores contestaram e a descoberta caiu na controvérsia própria dos grandes momentos. Ao longo de quase três décadas muitos outros estudos foram realizados e a hipótese original tem se mostrado insistentemente coerente, sendo a melhor explicação para o conjunto de dados científicos. David McKay, Thomas-Keprta e equipe, em artigo publicado em 2009, dizem (tradução livre):
“...sugerimos que este conjunto de características, em conjunto, poderia ser mais bem explicado por uma hipótese biogênica em que cedo micróbios marcianos estiveram direta ou indiretamente envolvidos na produção dessas características. Essas características são: Glóbulos ou panquecas de carbonato encontrados em fendas e veias, que sugerimos foram formados relativamente em baixas temperaturas e envolveram água - possivelmente pela formação assistida por ação microbiana.
Possíveis microfósseis estão presentes (biomorfos).
Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos estão presentes e associados com os carbonatos.
Nanopartículas de magnetita, similar a magnetita produzida por bactérias magnéticas estão presentes e envoltas nos carbonatos.”
Fonte: http://ntrs.nasa.gov/archive/nasa/casi.ntrs.nasa.gov/20090038980_2009039912.pdf
Nesse artigo, iremos explorar essas descobertas.
Uma ampliação em alta resolução de uma região da face de um glóbulo de carbonato revela uma intrincada estrutura em forma de favos de mel, não encontrada no OPX.
NANOPARTÍCULAS DE MAGNETITA
HIDROCARBONETOS POLICICLICOS AROMÁTICOS - HPA
Nesse artigo, iremos explorar essas descobertas.
Glóbulos de Carbonato
A estrutura do meteorito é composta de ortopiroxênio e outros minerais basálticos, formado há cerca de quatro bilhões de anos atrás, provavelmente no cânion Eos Chasma na região do Vale Marineris em Marte. (fonte: http://www.newscientist.com/article/dn8004).
Para ilustração - Imagem da HIRISE de Eos Chasma,
com assinatura de piroxênio - falsa cor
com assinatura de piroxênio - falsa cor
Entremeados ao ortopiroxênio (OPX), temos os glóbulos de carbonato. Na imagem abaixo, a estrutura cinza é o OPX e a cor de ouro é um glóbulo de carbonato. Os carbonatos têm sua própria estrutura interna que detalharemos adiante.
GLÓBULO DE CARBONATO
Microscopia eletrônica, em falsa cor, imagem retirada do trabalho de Thomas-Keprta e equipe “Origins of magnetite nanocrystals in Martian meteorite ALH84001”
A formação de carbonatos está associada à presença de água e pode ser um marcador de atividade biológica. Muitos microorganismos de nosso planeta produzem carapaças à base de carbonatos, como algas da flora marinha, que acabam sendo depositadas no fundo dos oceanos ao fim de seu ciclo de vida e após um longo processo formam as rochas sedimentares.
Ao lado, alga unicelular, componente do fitoplancton, com carapaça de carbonatos, seu nome é Coccolithus_pelagicus.
Fonte: http://planktonnet.awi.de/
Uma ampliação em alta resolução de uma região da face de um glóbulo de carbonato revela uma intrincada estrutura em forma de favos de mel, não encontrada no OPX.
FAVOS DE MEL
Microscopia eletrônica, imagem retirada do trabalho de Thomas-Keprta e equipe.
NANOPARTÍCULAS DE MAGNETITA
Uma nanopartícula de magnetita do ALH 84001 é um objeto muito pequeno, com alguns nanômetros de comprimento, sendo que um nanômetro é um bilionésimo do metro. Sua composição de magnésio e ferro possui propriedades magnéticas, como imãs, e estão concentradas ao redor dos glóbulos de carbonato, numa singular configuração, como poder ser visto abaixo.
Muitas bactérias terrestres sintetizam nanopartículas de magnetita dentro de sua estrutura e acredita-se que a usam para navegação pelas linhas do campo magnético terrestre. Abaixo, uma imagem de uma dessas bactérias, onde podemos ver a linha de nanopartículas de magnetita:
Thomas-Keprta e equipe realizaram um estudo comparativo entre as nanopartículas de magnetita na bactéria terrestre MV-1 e as encontradas no ALH 84001 e a conclusão é de que são similares.
FONTE: http://ntrs.nasa.gov/archive/nasa/casi.ntrs.nasa.gov/20090038980_2009039912.pdf
Outro estudo de Thomas-Keprta, "Origins of magnetite nanocrystals in Martian meteorite ALH84001", publicado em novembro de 2009 na Geochimica et Cosmochimica Acta, aprofundou os estudos e derrubou a tese cética de que essas nanopartículas surgiram devido às ondas de calor produzidas nos choques ao qual o meteorito foi submetido. Vários testes de laboratório realizados simulando esses eventos não as produziram.
FONTE: http://ntrs.nasa.gov/archive/nasa/casi.ntrs.nasa.gov/20090038980_2009039912.pdf
Outro estudo de Thomas-Keprta, "Origins of magnetite nanocrystals in Martian meteorite ALH84001", publicado em novembro de 2009 na Geochimica et Cosmochimica Acta, aprofundou os estudos e derrubou a tese cética de que essas nanopartículas surgiram devido às ondas de calor produzidas nos choques ao qual o meteorito foi submetido. Vários testes de laboratório realizados simulando esses eventos não as produziram.
Na composição de imagens abaixo, temos a mesma imagem apresentada anteriormente e uma ampliação da região mostra essas nanopartículas como esferóides sobre o núcleo de carbonato do glóbulo.
Microscopia eletrônica, imagem retirada do trabalho de Thomas-Keprta e equipe.
HIDROCARBONETOS POLICICLICOS AROMÁTICOS - HPA
Foram encontrados no meteorito compostos orgânicos chamados Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, normalmente encontrados na Terra e como subprodutos da queima de material orgânico, como carvão e petróleo.
Os céticos alegam que houve contaminação do meteorito durante sua permanência na Antártida mas temos dois problemas aí:
- a concentração aumenta conforme se penetra na rocha, sendo que para a hipótese de contaminação, deveria se esperar o contrário.
- o HPA mais comum em nosso planeta é o naftaleno e no meteorito sua presença é rara.
Abaixo, representação de um HPA.
Fenantreno
BIOMORFOS
Foram encontrados nas fraturas existentes nos carbonatos estruturas que se assemelham na forma a bactérias terrestres, um biomorfo. Nessas estruturas não foi possível obter material celular, há muito foi substituído por minerais.
Novamente, temos argumentação contrária. Na época do primeiro estudo, não haviam sido ainda descobertas bactérias tão pequenas na Terra e suspeitava-se que não haveria espaço para conter material genético nelas. Argumenta-se ainda que processos inorgânicos possam ter produzido essas estruturas, quando do aquecimento do meteorito durante sua atribulada viagem ao solo antártico.
Quanto ao tamanho, já foram descobertas nos últimos anos bactérias similares em tamanho aos biomorfos do ALH 84001. Quanto ao aquecimento como agente criador, pode ser que sim pode ser que não.
E AGORA JOSÉ?
Como dizem os defensores da presença de vida antiga no meteorito, são muitos fatores reunidos num único local para que a hipótese não seja a mais viável de todas as explicações.
Portanto, olhe com muito carinho as imagens neste artigo, podem ser os fósseis do primeiro organismo extraterrestre que você viu na vida.
Um comentário:
puxa, gostei muito, vou ler e reler!
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