15 outubro 2011

ROCHAS ESPACIAIS PERDIDAS

Uma profusão de filmes e documentários explora a real possibilidade de enormes rochas espaciais se chocarem com a Terra e destruirem nossa civilização. Sabemos que a preocupação de tal encontro tem estimulado iniciativas importantes para mapear objetos próximos a Terra (NEOs), isso nos dá certo alento, pois muitas dessas rochas estão etiquetadas e sob controle, mas será? Com essa indagação, vamos explorar o mundo das rochas espaciais já encontradas, mas perdidas ou com órbitas incertas, aquelas que podem estar mais próximas do que gostaríamos.

AS ROCHAS ESPACIAIS PERDIDAS

O Centro de Planetas Menores MPC, sediado no Observatório Astrofísico Smithsonian, EUA, é uma divisão da União Astronômica Internacional e publica em seu website uma lista dos Asteróides Potencialmente Perigosos, os PHAs (Potentially Hazardous Asteroids), (aqui).

A lista é dinâmica e nossa consulta trouxe o número expressivo de 1.255 asteróides perigosos. Não identifiquei referências aos asteróides perdidos, apenas listas com NEOs onde novas observações são desejáveis mas a uma informação interessante para cada objeto etiquetado: a incerteza de sua órbita. Ela vai de 0 a 9, sendo 0 muito pequena e 9 muito grande. Pesquisando pelo Banco de Dados do JPL - NASA (aqui), temos:

Total PHAs
Incerteza 9
Incerteza 8
Incerteza 7
1.255
40 (3%)
65 (5%)
108 (9%)

Derivados da Lista de PHAs do MPC temos outras duas listas:

- da NASA através do Sistema Sentry JPL, (aqui).
- da ESA através do NEODyS - Universidade de Pisa Itália, (aqui).

A Lista Sentry, analisa os asteróides com possibilidades de impacto nos próximos 100 anos e a Lista NEODyS o faz até o ano de 2090. Cada uma usa sua própria metodologia. Como é dito no sítio do Sentry:

"As diferenças entre os dois sistemas em geral não são substanciais, e em certo sentido, elas são tranquilizadoras. Sistemas independentes, usando softwares e abordagens teóricas diferentes não devem produzir os mesmos resultados em pesquisas estatísticas. A experiência tem mostrado que há uma excelente concordância entre os dois sistemas para a detecção de colisão com potencial mais grave."

Ambas também são dinâmicas, sendo atualizadas diariamente, onde asteróides podem entrar e sair dependendo de melhores cálculos de suas órbitas.

A Lista Sentry possui agora 368 objetos com risco de impacto.

A Lista NEODyS possui 316.

Na Sentry, há uma separação: aqueles com observações nos últimos 60 dias, 13 objetos, e os demais. E cita os perdidos:

"A remoção de um objeto a partir da página de Risco de Impacto não indica que o risco do objeto foi avaliado erroneamente: o risco era real até que novas observações mostraram que não era. Por outro lado, a Página de Risco de Impacto enumera uma série de objetos perdidos que são, para todos os efeitos práticos, residentes permanentes da Página de Risco; sua remoção pode depender de uma redescoberta acidental."

Na NEODyS a informação é explícita: 91 asteróides perdidos.

Lista de Risco dos Perdidos - NEODyS
click na imagem para a página do NEODyS

Na tabela abaixo, o blog fez um cruzamento de dados das duas listas, utilizando os objetos de incerteza 9 da Sentry e que estão na lista de perdidos da NEODyS e os respectivos diâmetros estimados pelas listas.

Objeto
Sentry
diâmetro em metros
NEODyS
diâmetro em metros
2001 CA21
679
600 - 1.300
2007 FT3
340
300 - 670
2008 UV99
400
360 - 800
2010 AR85
1.100
1.000 - 2.200
2010 AU118
894
900 - 1.900
2010 XA73
574
500 - 1.100

O risco de impacto medido pela Escala de Torino (aqui), que vai de 0 a 10, coloca os objetos acima hoje no nível menos perigoso, "0". Isso é tranquilizador, mas não me sinto tão tranquilo assim quando esses objetos possuem a mais alta condição de incerteza em suas órbitas e considerados perdidos, ou seja, os observatórios astronômicos não os encontram pelo céu.

O asteróide de Chicxulub, aquele que dizem ter extinguido os dinossauros, tinha estimados 10 km de diâmetro. Apesar dos citados na tabela acima serem inferiores em seus tamanhos estimados, todos são capazes de devastação continental e graves consequências planetárias.

Nenhum comentário: