06 junho 2010

SENCIÊNCIA E CONSCIÊNCIA ANIMAL...


"A consciência é um fenômeno que cada um de nós experimenta vivamente, mas que nos é impossível definir de maneira simples. Saber se há indivíduos conscientes entre outras espécies é de uma importância decisiva para determinar quais são os nossos deveres morais para com os não-humanos. A questão é igualmente central no plano científico. Como sucede que tenhamos uma subjetividade? Por que e como a consciência se desenvolveu ao longo da evolução? Tal é o profundo enigma com que a biologia se defronta." (Les Cahiers antispécistes).



SENCIÊNCIA E CONSCIÊNCIA ANIMAL

Assista a esse impressionante vídeo e reflita sobre os textos inseridos.



Consciência Animal:

Textos extraídos da Revista "Les Cahiers antispécistes"

Artigo - Marian Stamp Dawkins: Em busca da consciência animal
Resumo do livro Através dos nossos Olhos Apenas?
Autor do artigo: Estiva Reus
Tradução: Nicolau Kouzmin-Korovaeff


"A consciência é um fenômeno que cada um de nós experimenta
vivamente, mas que nos é impossível definir de maneira simples. Saber se há indivíduos conscientes entre outras espécies é de uma importância decisiva para determinar quais são os nossos deveres morais para com os não-humanos. A questão é igualmente central no plano científico. Como sucede que tenhamos uma subjetividade? Por que e como a consciência se desenvolveu ao longo da evolução? Tal é o profundo enigma com que a biologia se defronta. É evidente que é vantajoso para os animais se protegerem contra o que lhes é nocivo. Mas por que é preciso que eles sejam conscientes para se protegerem? No final das contas, nós fazemos muitas coisas inconscientemente. Retiramos as nossas mãos de um forno ardente bem antes de compreender exatamente que os nossos dedos correm o risco de serem danificados. Por que é preciso que a dor faça mal?
Por que não basta que os nossos corpos evitem ou limitem os danos,funcionando segundo regras, à maneira de máquinas, sem que nada deva ser conscientemente desagradável?
A seleção natural só pode favorecer a consciência se o fato, para um animal, de estar consciente, desempenha um papel na sua maneira de se comportar. Supor que ele não desempenha nenhum não pode senão deixar incomodado todo aquele que crê na universalidade do darwinismo. Mas tampouco é muito confortável afirmar que ele desempenha um papel, quando não temos a menor idéia de como ele o faz."

"Marian Dawkins não compartilha este ponto de vista. A distinção entre o sentido privado (suposto imperceptível do exterior) e o comportamento público (testável), que tínhamos admitido até aqui, talvez seja menos sólida do que parece. A presença da consciência é tão indetectável quanto se diz? Um tema evocado ao longo de todo este livro foi que a consciência evoluiu porque ela é, em diversos sentidos, vantajosa para os que a possuem. Numerosos são os zoólogos, psicólogos e filósofos que falaram de «funções» da consciência e especularam sobre as vantagens que ela proporciona. O ponto importante é que se a consciência tem uma função, ela também tem efeitos. Ora, os efeitos são, em princípio, detectáveis. No que se refere à consciência, pode-se sustentar duas posições coerentes (mas de plausibilidade desigual):

- ou afirmar que ela é indetectável porque ela não tem absolutamente nenhum efeito; é preciso então abandonar a idéia de uma função e de uma evolução da sensibilidade e declarar-se epifenomenalista;

- ou considerar que ela interfere no comportamento, que ela é uma componente do mecanismo que o controla. Se a consciência tem uma função, ele deve permitir aos animais fazer alguma coisa de específico, que pode ser detectado. Em compensação, um híbrido das duas posições precedentes – a saber, que a consciência teria uma função, mas que nos seria para todo o sempre impossível detectá-la -, não é logicamente defensável. Mesmo se não podemos decidir com certeza entre as duas teses que permanecem em disputa, a segunda é mais plausível do que a primeira."

http://www.cahiers-antispecistes.org/spip.php?article330

Senciência animal:

Textos extraídos do sítio do Laboratório do Bem Estar Animal - UFPR

Publicação - Páginas Inicias 2 - Senciência Animal
Autora: Carla Forte Maiolino Molento


Interessante notar que “senciência” não consta no dicionário Aurélio, mas seu adjetivo, “senciente”, sim. O dicionário Aurélio de 1999 define senciente como “que sente”. Para evitar o uso constante de acrobacias lingüísticas, nos permitimos criar o substantivo correspondente, “senciência”, propondo um neologismo que consideramos justificado. Neste texto, o termo senciência será empregado de forma associada à consciência: capacidade de ter sentimentos associados à consciência. Tal definição de senciência encontra grande ceticismo em alguns segmentos do ambiente científico. Ao se considerar a vida emocional dos animais, alguns podem ser bastante críticos, clamando a necessidade de prova científica irrefutável e empregando este argumento de forma bastante tendenciosa. Ou seja, ninguém tampouco provou o contrário, que os animais não sentem, mas esta incerteza raramente é levantada. Segundo um dos maiores estudiosos da consciência animal, Donald Griffin, a comunidade científica parece exigir maiores evidências para aceitar os sentimentos dos animais que em outras áreas do conhecimento. Porque as experiências subjetivas são assuntos privados, residindo
no cérebro de cada um e inacessíveis aos outros, torna-se fácil aos céticos afirmar
que jamais teremos certeza dos sentimentos dos animais e, por este motivo, declarar o assunto encerrado. Por outro lado, uma espiada no corpo de estudos científicos mostra que raramente temos um conhecimento completo das questões envolvidas em qualquer assunto; entretanto, isto não nos impede de fazermos predições corretas. Aliás, completude de conhecimento é algo que pouquíssimos cientistas puderam oferecer. A bem da verdade, devemos reconhecer que a senciência de outro ser humano também não pode ser provada cientificamente. O acesso à mente e aos sentimentos de outros indivíduos é limitado porque não podemos adentrar a esfera privada de um outro indivíduo, humano ou não. Evidentemente, isto não nos impede de tentar entender o que um outro ser humano está pensando ou sentindo, nem nos impede de utilizar esta informação para tomar decisões compassivas. A ciência tradicional cartesiana precisa evoluir da postura simplista de “não temos certeza, então não existe”.

http://www.labea.ufpr.br/publicacoes/publicacoes.html

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